Reflexão individual
Após o término do curso MOOC Inclusão
e Acesso às Tecnologias 2014, é tempo de refletir sobre o mesmo, analisando o
contributo pessoal e profissional que este me trouxe.
Antes da realização deste curso,
reconheço que a utilização que fazia das TIC se limitava à exploração das
ferramentas disponibilizadas pelo Microsoft Office, a exploração de software
educativo na Internet ou de CDs educativos de suporte e reforço das
competências académicas.
Sentia, já há algum tempo, uma
grande falta de formação na área das TIC e, agora que trabalho com crianças e
jovens com Necessidades Educativas Especiais, ainda sentia uma maior
necessidade de aprofundar os meus conhecimentos em relação a este tópico. A par
da necessidade, sentia igualmente preocupação e muita vontade de aprender.
Considerei sempre que a oferta de formação nesta área era pouco diversificada,
pouco divulgada e em quantidade insuficiente. A oferta existente era também
proporcionada a custos elevados.
Quando, durante uma pesquisa na
Internet, vi a divulgação deste curso, consultei a informação disponível sobre
o mesmo, fiquei particularmente interessada em frequentá-lo. Este MOOC
apresentava-se bastante inovador, por diversos fatores: a estrutura, a
organização de cada um dos módulos, a quantidade/diversidade dos recursos
disponibilizados e a possibilidade deste curso ser desenvolvido totalmente
on-line, num registo que não obriga a sessões presenciais.
Inicialmente senti algum receio
face à frequência deste curso, chegando a ter dúvidas sobre se teria facilidade
em acompanhar os módulos previstos. Efetuei a inscrição sem hesitar e admito
que este curso cumpriu em pleno as minhas expectativas.
Em primeiro lugar, saliento pela
positiva a possibilidade de realizarmos as tarefas propostas individualmente ou
em grupos, consoante a nossa preferência. Pessoalmente, optei pela modalidade
individual, por ser aquela que melhor se articula com o meu horário
profissional.
Apreciei igualmente o facto de
ter criado um blog para registo das tarefas produzidas no âmbito deste curso.
Foi a primeira vez que criei um blog. Inicialmente senti algum receio, contudo
agora sinto-me à vontade em relação à criação e manutenção de um blog, tendo
descoberto potencialidades neste recurso que me convenceram a utilizá-lo
noutros contextos e recorrer a ele na minha prática profissional.
No “tópico introdutório” tive a
oportunidade de produzir um documento de apresentação individual que, por um
lado, se situava na minha zona de conforto, pois recorri a uma apresentação
Powerpoint, contudo necessitei de disponibilizá-lo na Internet. Explorei então
o Slideshare, tendo publicado a minha apresentação nesta ferramenta, um pouco
fora daquilo a que eu estava habituada. Estava então iniciado o caminho para
toda uma descoberta de ferramentas inclusivas para acesso à tecnologia.
Quando iniciámos o primeiro
módulo, explorei com muita curiosidade os recursos disponibilizados.
Agradava-me bastante explorar os recursos tendo como ponto de partida um tópico
orientador – “políticas inclusivas e medidas educativas para alunos com NEE”.
Dos recursos apresentados, eu já conhecia grande parte, contudo a forma e a
sequência com que foram apresentados fez-me olhar para eles de uma outra forma,
pensando na inclusão em três níveis – nacional, europeu e internacional. Foi
interessante verificar como os documentos orientadores – sobretudo os
internacionais – são operacionalizados em Portugal, depois de adequados ao
nosso público-alvo e às próprias características do nosso sistema educativo.
Foi com imenso gosto que, na
atividade individual, explorei novos recursos, desta vez no âmbito das TIC.
Fiquei particularmente interessada em explorar o Bubbl.us, produzindo esquemas
e diagramas neste programa ao mesmo tempo que analisava e sistematizava as
principais ideias daquele que é o grande documento orientador da Educação
Especial em Portugal – o Decreto-Lei 3/2008 de 7 de janeiro. Tive então a
oportunidade de explorar as potencialidades deste recurso a refletir sobre o
uso deste na minha prática profissional. Como o Bubbl.us me pareceu ter um
conjunto de funcionalidades que poderiam ajudar os alunos que acompanho, desde
logo procurei explorar este recurso em algumas sessões de apoio de Educação
Especial, adaptando o Bubbl.us à especificidade de algumas das disciplinas
envolvidas. Atualmente, vários alunos que apoio recorrem ao Bubbl.us como
ferramenta auxiliar na construção de esquemas e resumos para trabalhos
escolares ou para a preparação de testes e/ou outros momentos de avaliação. E
depois vejo que muitos deles sugerem esta ferramenta aos colegas, pois o Bubbl.us
apresenta, para além das suas funcionalidades para estruturação da informação,
um aspeto gráfico apelativo. Uma outra vantagem que retiro da exploração deste
recurso é a possibilidade de exportar os diagramas/esquemas produzidos,
podendo-se utilizar estes esquemas em muitos outros programas disponíveis no
computador, imprimir ou enviar por e-mail, por exemplo.
Nas semanas 4 e 5, no módulo 2 –
Acessibilidade Web e Tecnologias de Apoio -, confesso que já me sentia muito
mais à-vontade para experimentar novos recursos. Neste momento, também já me
sentia mais familiarizada com a estrutura e funcionamento do curso, o que
facilitou a realização das atividades dos módulos seguintes.
Neste módulo, experimentei
novamente um conjunto de recursos acerca das acessibilidades Web. De todos
aqueles que explorei, optei por analisar mais pormenorizadamente o software
livre Araword, que considero extremamente benéfico para alunos com NEE severas.
Apesar de não acompanhar neste
ano nenhum aluno cujo perfil de funcionalidade implique recorrer a esta
ferramenta, no passado deparei-me com casos de alunos que necessitavam
realmente de uma ferramenta facilitadora da comunicação, da aprendizagem e da
inclusão.
Optei pelo Araword por
proporcionar, em alunos com perfis de funcionalidade com limitações mais
significativas, a construção de histórias adaptadas quando é necessário um
suporte aumentativo ou alternativo de comunicação. Explorei as potencialidades
educativas deste recurso e constatei, de imediato, que os benefícios para os
alunos são imensos, a começar pelo facto de se tratar de uma ferramenta sem
custos. Sendo gratuita, esta ferramenta pode ser utilizada em diferentes
contextos: casa, escola, vida social…
O Araword não requer
conhecimentos muito aprofundados sobre as TIC: é fácil de utilizar e, na minha
opinião pessoal, muito intuitivo. Assume-se como uma ferramenta económica,
simples, acessível e apelativa, facilitadora do acesso à aprendizagem, à
comunicação e à inclusão. Uma criança ou jovem que necessite de ferramentas
desta natureza vai certamente sentir-se muito mais motivada face à
aprendizagem, vai desejar comunicar mais com os outros e vai também poder
aproveitar os seus tempos de lazer de uma forma mais atrativa.
Como eu já tinha referido no
comentário que elaborei para o módulo, o Araword permite-nos ainda
complementá-lo com o Araboard (um utilizar apenas um deles em exclusivo), sendo
que este último se destina sobretudo à comunicação aumentativa/alternativa e à
inclusão.
Se, com o Araword, a criança tem
acesso ao mundo da leitura, da escrita e
da interpretação, por outro lado o Araboard permite-lhe comunicar e ser
compreendida, podendo exprimir desejos, necessidades ou estados de espírito que
antes o adulto só compreendia através do “adivinhar”.
No módulo 3 – Desenho universal
da aprendizagem- tive a oportunidade de explorar novamente um conjunto de
recursos, contudo destaco aquele que me pareceu o mais acessível e mais
adequado à minha prática profissional. Depois de explorar com mais rigor a
Webquest, percebi, desde logo, que apresentava numerosas vantagens que eu
poderia rentabilizar as sessões de Educação Especial que desenvolvo com os
alunos. Constatei, com agrado, que a Webquest é disponibilizada por diversas
ferramentas, como o Zunal, a Webquest Creator ou Webquest Ceys, sendo
oferecidas diferentes estruturações gráficas, mas sempre mantendo a mesma
estrutura interna. Da análise que faço da metodologia Webquest, considero que
esta é fácil de utilizar (mesmo quando o site não é em português) e fácil de
implementar. Os alunos sentem-se particularmente envolvidos neste tipo de
tarefa, pelo lado lúdico que apresenta, pela estrutura e por ser diferente
daquilo a que estão habituados. Acredito que a Webquest possa ser utilizada em
qualquer disciplina e em qualquer nível etário (salvaguardando obviamente a
necessidade de supervisão por parte do adulto).
A Webquest apresenta ainda a
vantagem de poder ser utilizada em autonomia, o que funciona como um acréscimo
de motivação.
Como ponto negativo acerca das
Webquest, saliento apenas o facto de cada conta criada on-line permitir apenas
a construção/disponibilização de uma Webquest se optarmos pela versão de conta
sem custos. Se, por um lado, a Webquest é disponibilizada gratuitamente, por
outro, se queremos fazer uma utilização mais “intensiva” deste recurso, o facto
de ser necessário pagar pode reduzir ou inviabilizar o uso do mesmo ou conduzir
a um desinvestimento por parte de alunos e professores.
O último módulo do curso –
Recursos educativos abertos e acessíveis -, foi um dos que explorei com mais
entusiasmo.
Explorei os recursos
disponibilizados, contudo o Powtoon despertou logo a minha atenção, pelas suas
ilimitadas possibilidades de utilização e pelo seu aspeto gráfico altamente
apelativo.
Tentei obter o máximo proveito da
ferramenta Powtoon, através da experimentação de diferentes apresentações
animadas. Procurei sempre analisar as vantagens e desvantagens do Powtoon, de
modo a poder verificar se se tratava ou não de uma ferramenta que se adequasse
ao trabalho que desenvolvo diariamente. Através da exploração que fiz, não
detetei pontos negativos neste recurso. Por outro lado, encontrei bastantes
pontos positivos, que me convenceram de imediato a implementar o Powtoon no
trabalho com os alunos NEE que acompanho. Este recurso tem a particularidade de
se assumir como uma alternativa ao Powerpoint, que tem sido abundantemente
utilizado em apresentações escolares. O Powtoon, neste contexto, seria um
verdadeiro “refresh”, por ser uma novidade, por ser dinâmico e por permitir uma
multiplicidade de explorações; dá para fazer tudo, ou quase tudo J.
O Powtoon pode ser utilizado por
professores em qualquer momento da aprendizagem; pode ser utilizado por alunos
com o sem NEE; pode ser utilizado tanto como organizador do estudo como para
divulgação de trabalhos. Enfim, há todo um mundo de potencialidades educativas
em torno do Powtoon cuja descoberta aconselho sinceramente.
Não posso terminar a minha
reflexão sem mencionar a organização deste curso. Desde a divulgação, à
construção do guião do curso e ao desenvolvimento do mesmo, com “capítulos”
criados no blog e indicação clara dos recursos a explorar e das atividades a
realizar, não deteto nenhum ponto negativo.
Destaco a integração dos vídeos
introdutórios em cada módulo, muito claros, concisos e motivadores.
Destaco também a quantidade,
diversidade e qualidade dos recursos sugeridos para exploração.
Não posso deixar de referir a
elevada disponibilidade por parte da equipa organizadora que deu feedback e
esclareceu, com brevidade, as nossas dúvidas e desde cedo tentou que nos
sentíssemos à-vontade para experimentar e arriscar.
Se, antes da frequência deste
curso, eu demonstrava uma atitude “passiva” em relação às TIC e às ferramentas
inclusivas, pois limitava-me a explorá-las com os alunos, agora sinto que tenho
uma atitude diferente, mais ativa. Passei de utilizadora a construtora de
ferramentas educativas com recurso às TIC.
Adotei uma postura mais ativa,
mais crítica e mais analítica, contudo superei alguns receios face a estes recursos
e sinto-me muito mais à-vontade para implementar recursos inclusivos nas minhas
sessões de trabalho, o que já faço com frequência.
Estou atualmente muito mais
motivada e mais apta na utilização e produção de recursos educativos em torno
das TIC.
E neste momento crio recursos
personalizados, adequados ao perfil de funcionalidade de cada aluno –
características e necessidades.