quarta-feira, 2 de abril de 2014

Módulo 2

Comentário individual

Com o conhecimento que tenho agora das potencialidades do Araword e a exploração deste recurso, fiquei agradavelmente surpreendida ao saber que até eu posso construir histórias adaptadas. Esta possibilidade, mesmo assim, deve ser analisada com prudência, para que os seus resultados sejam os melhores. Por muito à-vontade que nos sintamos face ao Araword, há que ter em conta as capacidades de comunicação da criança, pois implementar o Araword enquanto comunicação alternativa é diferente de implementá-lo como comunicação aumentativa. Há também que ter o cuidado de selecionar antecipadamente os símbolos, para que se utilize apenas um símbolo para cada conceito, a menos que se trate de uma criança com um bom potencial cognitivo. É também essencial que se selecionem os símbolos mais adequados ao modelo que a criança possui e à sua capacidade intelectual. Potencia-se assim um conjunto de aprendizagens a partir de histórias adaptadas. Imagino esta estratégia a ser utilizada, por exemplo, na interpretação de histórias contadas oralmente, na qual a criança constrói as suas respostas recorrendo a estes símbolos. Imagino também o Araword a ser utilizado em momentos de escrita de pequenas frases por parte de crianças que eventualmente apresentem uma capacidade cognitiva superior. Num estádio mais avançado, a criança pode até redigir as suas próprias histórias, com base em experiências de leitura anteriores e nas próprias experiências de vida.
Falando do Araword e das suas potencialidades educativas e comunicativas, reconheço igualmente as vantagens do Araboard, concebido a pensar numa grande variedade de públicos. A possibilidade de construir pranchas (ou tabuleiros) de comunicação personalizados e adequados não só às características como também às necessidades de cada aluno torna possível aquilo que muitas das vezes nos parece difícil de alcançar – a autonomia. Se, por um lado, o uso do Araboard permite à criança responder a questões que lhe são colocadas, por outro, com os quadros de comunicação, podem ser-lhe dadas as ferramentas necessárias para efetuar pedidos simples ou, eventualmente, iniciar e manter um tópico de conversa, ainda que com limitações, em parte devido à quantidade de símbolos disponíveis por prancha. A estas vantagens acresce ainda a possibilidade destes quadros serem construídos em suporte papel, o que colmata as dificuldades de ordem financeira para quem não dispõe de equipamentos tecnológicos como um tablet.
O Araboard está acessível a qualquer um de nós e, perante a falta de recursos tecnológicos, podemos construir tabelas de comunicação utilizando materiais de uso comum como papel, cartão e cola, depois de terem sido impressos os símbolos adequados. A criança não é, então, privada do recurso ao Araboard.
O Araboard Constructor está então acessível a todos os agentes implicados no processo educativo da criança, ao mesmo tempo que o Araboard Player deve implica a sua utilização em suportes tecnológicos, ou em versão papel, como foi referido anteriormente.
Congratulo, desde já, quem concebeu este recurso e o tornou acessível sem custos. Na minha opinião, é aqui que assenta o conceito INCLUSÃO, pois o Araboard pode abranger todas as faixas etárias, todas as condições socioeconómicas e diferentes perfis de funcionalidade. Para mim, deve ser dado o mérito a um recurso que pode, efetivamente, ser utilizado por toda a gente e mudar a vida que quem a ele recorre.
Apesar destas vantagens, e tendo em conta todas as possibilidades que o Araboard nos oferece, a utilização deste recurso implica uma reflexão prévia sobre as seguintes questões: a) Que capacidades de comunicação tem esta criança: recetiva ou expressiva?; b) Que objetivos pretendemos desenvolver com o Araboard?; c) Em que contextos utilizar: casa, escola, contextos sociais…?
Respondidas estas questões, recomendo que sejam selecionados os símbolos mais adequados ao perfil de funcionalidade da criança. Sugiro inclusivamente que, do ponto de vista da continuidade e da complementaridade, tanto no Araword como no Araboard seja utilizado apenas um e o mesmo símbolo para cada conceito, ou seja, o símbolo que usamos numa aplicação seria o mesmo que aplicaríamos na outra. Evitamos assim a sobrecarga para a criança, ao mesmo tempo que se estimula a memória, sobretudo a memória icónica de cada um dos símbolos.
Selecionados os símbolos adequados – tanto no Araboard Constructor como no Player -, está aberto o caminho para a estimulação da autonomia, da comunicação, da interação e da funcionalidade.
Quando a criança fica familiarizada com o Araword, abre-se-lhe todo o mundo da leitura e da escrita, valorizando-se a vertente académica. Quando familiarizada com o Araboard Player, seja em formato tecnológico ou construído em papel, a criança adquire e desenvolve competências essenciais como a comunicação recetiva e expressiva, a autonomia pessoal, social e escolar ou a relação interpessoal.
Sabemos que, para uma criança não-verbal, o uso do Araboard pode fazer a diferença. Deste modo, deixa de ser necessário “adivinhar” aquilo que a criança pretende transmitir e as respostas dadas deixam de ser apenas através do Sim ou Não, muitas vezes associados a um gesto específico da cabeça, da mão ou do pé. Abre-se toda uma possibilidade de comunicação e relação interpessoal. A criança passa de sujeito passivo a sujeito ativo, capaz de se expressar – quer utilize estes recursos como comunicação aumentativa quer alternativa. O importante neste caso é que, se forem fornecidas pranchas com alguma variedade de vocabulário, a criança desenvolve o seu potencial – comunicativo, cognitivo e social. Há apenas que dar as ferramentas necessárias.

Estes três recursos têm ainda a possibilidade de serem usados simultaneamente em casa e na escola, já que contrariam a crença de que o uso destas tecnologias é exclusiva das escolas e de técnicos especializados. Se for tido em conta que a cada conceito deve sempre o mesmo símbolo, tanto a família como a escola podem e devem colaborar na implementação destas ferramentas. Assim será possível otimizar o seu potencial.

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